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Podcast 30 – O CIÚME – parte 2

Por:Julio Machado
Podcast

29

maio 2017

 

Vamos então continuar a conversa iniciada na semana passada quando introduzimos a primeira face do ciúme. Dissemos que tem duas faces; a primeira é mais reativa e destrutiva enquanto a segunda face é mais consciente e saudável. É consciente porque podemos escolher mudar a nossa atitude, colocando-nos numa postura de quem quer verdadeiramente aprender

a amar e, daí, mudar o seu comportamento.
O aspecto do ciúme que aqui estamos abordando é o que se refere, principalmente, a carência de atenção e suspeitas infundadas. Não estamos tratando daqueles casos onde uma pessoa tem ciúme do parceiro por ele ter uma amante, francamente assumida. Isto é outra história.

A primeira coisa que precisamos compreender para que o ciúme se torne um aliado do relacionamento, e não um veneno, é que ele é apenas um sintoma. Ele poderia ser comparado a uma febre; e uma febre não é causa de nada, mas sim um sintoma de que alguma coisa não está funcionando bem, de que algum órgão do nosso corpo está doente.

O ciúme é como uma febre que está avisando que alguma providência precisa ser tomada. Se o encararmos desta maneira, depois iremos até agradecer por ele ter aparecido, pois se a febre não existisse, nunca ficaríamos sabendo de um mal que está oculto no nosso organismo para podermos, assim, corrigi-lo.

Da mesma forma que uma lâmpada vermelha no painel do carro, o ciúme está nos avisando que o nível de óleo do nosso amor próprio está baixo, que a nossa auto-estima está precisando ser re-abastecida. Tanto é verdade que quando nos sentimos mais em paz e confiantes, ficamos mais tranqüilos com as coisas do outro e podemos até achar graça diante de algo que em outros tempos poderia nos provocar ciúmes.

A segunda coisa que precisamos compreender é que o ciúme é um problema nosso e não do outro. É muito mais cômodo permanecermos sentados sobre as próprias dificuldades e esperar que a solução venha de fora. Mas somente a partir do momento em que assumirmos as nossas fragilidades como nossas, é que começaremos a nos libertar e a libertar também o outro das nossas exigências.

A terceira coisa que precisamos saber é que não devemos negar ou fingir que não estamos com ciúme. “Deixe o ciúme chegar, deixe o ciúme passar”, como diz a canção. Admita que esta febril de ciúme e, se for o caso, diga para o outro, que o ciúme está presente. Não precisa dar uma de coitadinho. Apenas recolha as suas armas, peça desculpas se for preciso, e procure ficar consigo mesmo para recolocar a sua casa interior um pouco mais em ordem. Pegue o seu livro de auto-ajuda preferido, reze, faça meditação, ou se não estiver dando conta de lidar com isso sozinho, telefone ou procure uma pessoa que você confie como conselheira. É a hora de abrir a sua caixa de vitaminas para alimentar a sua alma desnutrida. Se você não tiver nenhum desses recursos disponíveis, está passando da hora de procurar ajuda para aprender a se cuidar espiritualmente. Caso contrário, não vejo nenhuma outra solução e a primeira face do ciúme ficará bem a vontade para prevalecer.

Claro que tratar o ciúme por este outro lado não é fácil de se conseguir da noite para o dia, pois o que mais vemos nas novelas e na sociedade, em geral, são pessoas amedrontadas e inseguras lançando ataques no sentido de impor ao outro que ele se anule e faça as coisas do seu jeito, assegurando, dessa forma, uma falsa “tranqüilidade”.

O ciúme é apenas um aviso para que percebamos que estamos esperando do nosso parceiro mais do que ele pode nos oferecer. Um sinal de que estamos colocando-o no lugar de um deus, que deve nos preencher e satisfazer todos os nossos desejos. Sinal de que queremos colocar o outro em um lugar que só cabe a nós ocupar, mas que não estamos ocupando. O ciúme é como uma tristeza que nos convida à introspecção e ao silêncio da noite escura da alma que espera pelo alvorecer de um novo dia.

Pode crer que se você aceitar que é assim, você será ajudado de uma ou outra forma e, quando menos esperar, a sua alegria voltará revigorada e o amor seguirá mais forte do que antes.Na primeira face do ciúme você quer fazer do seu jeito, custe o que custar e doa a quem doer. Na segunda face você apenas aceita que a coisa é com você, aceita também que está frágil e que não sabe como fazer direito as coisas. Daí surge o milagre, e uma nova compreensão começa a surgir e nos iluminar.

Agora se o seu parceiro ou parceira não te inspira confiança, se ele ou ela não tem um mínimo de respeito com os seus sentimentos, então você pode escolher terminar o relacionamento. Mas, na maioria dos casos, não se trata disso. O que mais se vê são pessoas imaturas se acusando reciprocamente e sem nem tentar assumir as suas próprias dificuldades e querer mudar o seu comportamento.

 

Julio Machado

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