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Podcast 39 – INTEGRANDO OS NOSSOS OPOSTOS

Por:Julio Machado
Podcast

10

fev 2018

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Olá meus amigos e minhas amigas, na semana passada iniciamos uma reflexão bem impactante no que diz respeito ao autoconhecimento. Dissemos que uma das  coisas mais importantes que temos a fazer para nos curarmos interiormente é nos aceitarmos por inteiro. Isso quer dizer que não podemos mais continuar tratando as nossas chamadas deficiências ou limitações como

erros abomináveis e que precisam ser combatidos e extintos.  Como falamos, todas as características humanas têm dois lados: o amor está ligado ao ódio, a expansividade à timidez, a atividade está ligada a passividade e assim por diante.

O problema é que ao longo de todo um processo educacional nos ensinaram a dividir essas características em boas e más, um lado que é luminoso e um outro que poderíamos chamar de sombra. Isso cria uma espécie de esquizofrenia emocional que nos coloca em guerra contra nós mesmos.

Acreditamos que o caminho para a saúde física e a paz de espírito não é reforçar essa separação interna, mas, sim, promover a sua integração a partir da busca da harmonia entre os opostos. Como diz na música cantada pelos Lulu Santos:

Não existiria som se não houvesse o silêncio,
Não haveria luz se não fosse a escuridão,
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim.

Muitos de nós almejam ver a luz e viver na beleza do seu eu mais elevado, mas tentamos fazer isso sem integrar todo o nosso ser. Não podemos ter a experiência completa da luz sem conhecer a escuridão. Quer você goste ou não, sendo um ser humano, você tem uma sombra. Se não consegue vê-la, pergunte a alguém da família ou às pessoas com quem trabalha. Elas vão indicá-la para você. Pensamos que nossas máscaras mantêm nosso eu interior escondido, mas, todas as vezes que nos recusamos a admitir alguns aspectos do nosso caráter,  quando menos esperamos, eles dão um jeito de erguer a cabeça e fazer-se conhecido.

Ou seja, toda pessoa tida como muito boazinha também tem um lado sacaninha que se mantêm oculto. Toda pessoa muito comunicativa tem também os seus momentos secretos de timidez. Qualquer pessoa muito desapegada e generosa também mostra, em alguns aspectos da sua vida, um lado ganancioso e possessivo.

O problema não é ser sacana, tímido ou ganancioso. O problema é a DOSAGEM. Sim este é o segredo para a aceitação da nossa sombra. Utilizá-la na dose certa. Quando negamos e escondemos esses aspectos da nossa personalidade, ficamos sem saber como lidar com eles e daí, quando nos distraímos um pouco eles emergem de uma forma descontrolada e prejudicial, o que só faz reforçar a nossa rejeição por estes aspectos.

A sombra só é sombra enquanto ainda é negada e não assumida. Por isso, cada aspecto do nosso ser quer vir para a luz da nossa consciência. Eles tentam emergir desesperadamente e chamar nossa atenção, mas estamos condicionados a reprimi-los. Como bolas gigantes mantidas debaixo d´água, esses aspectos irrompem à superfície toda vez que aliviamos a pressão. Ao tomar a decisão de não deixar que algumas partes de nós mesmos existam, somos obrigados a gastar enormes quantidades de energia para mantê-las submersas.

Mas, quando assumimos e aceitamos o nosso lado que também odeia, o nosso lado que é avarento ou que sente raiva, aí podemos administrá-los melhor e utilizá-los na dose adequada, em pequenas pitadas. Tal como na culinária, a sabedoria não é rejeitar um certo tempero porque ele é ardido ou forte demais, mas sim de saber empregá-lo da dose certa. Nos medicamentos e no uso das ervas medicinais também temos o mesmo modelo. Até uma certa dose é remédio, passando daquela dose é veneno.

Em vez de tentar suprimir nossas sombras, precisamos revelar, reconhecer e assumir as coisas que mais tememos encarar. Ao empregar a palavra “reconhecer”, estou me referindo a ter conhecimento de que uma determinada característica pertence a você. Ao assumir tudo o que somos, alcançamos a liberdade para decidir o que fazer neste mundo. Enquanto continuarmos a esconder, mascarar e projetar o que não gostamos em nós mesmos, não teremos liberdade de ser nem de escolher.

Tudo aquilo que você chama de erros, todas as coisas de que você não gosta a respeito de si mesmo são seus maiores trunfos. Eles somente estão amplificados acima do desejado. O botão do volume foi girado um pouco a mais do que deveria, só isso. Basta abaixar um pouco. Logo, você verá sua fraqueza como sua fortaleza e seus pontos ‘negativos’ mostrando que também podem ser ‘positivos’ em algumas ocasiões.

Eles se tornarão excelentes instrumentos, prontos para trabalhar a seu favor, em vez de contra. Tudo o que você tem a fazer é aprender a utilizar esses traços de personalidade em doses apropriadas para cada momento. Calcule qual é a quantidade necessária de suas maravilhosas características e desfrute dos benefícios que elas lhe trarão.

 

 

Julio Machado

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