Por:Julio Machado
Podcast
ago 2016
CLIQUE NO PLAY PARA OUVIR
Afinal, somos seres humanos ou teres humanos? O segredo está em encontrar a nossa essência comum.
Basicamente podemos nos perceber à partir de dois referenciais: o do corpo, da forma ou o do espírito, da essência. Não que eles sejam excludentes, ou que um seja mais certo e o outro errado. A questão fundamental é: qual desses dois referenciais valorizamos mais; em qual deles apostamos mais as nossas fichas?
Para nos ajudar a clarear um pouco mais essas duas visões do ser humano, vamos contar uma fábula zen.
Num mar cheio de marolas, onde existem tanto ondas menores como ondas maiores se trombando, duas ondinhas começaram a conversar. A ondinha menor, assustada e deprimida, exclama:
– Oh como sofro! As outras ondas são grandes e eu sou pequena. Algumas estão em ótima situação e eu sou tão desprezível.
Aí sua colega intervém: – Você acha que sofre porque não vive verdadeiramente quem você é.
E a ondinha deprimida exclama:- Como? Não sou uma onda? Então o que sou?
– Ora, uma onda é apenas a sua forma temporária. Você é água! Respondeu a colega mais equilibrada.
– Água? Retrucou a ondinha sem ainda entender muito bem.
– Sim, quando perceber que sua essência é água não ficará confusa em ser uma onda e aí deixará de sofrer.
E a ondinha conclui, mais aliviada: – Ah entendi! Então eu sou você e você também é parte de mim. Somos partes de um ser maior, de um grande oceano.
Pois bem meus amigos e minhas amigas, tudo muda em função de como nos posicionamos em relação à esses dois paradigmas: somos forma ou essência? Quem somos nós?
Não se trata de desprezar os cuidados com o nosso corpo ou com as nossas necessidades de conforto material. Ou de desmerecer a importância de estudar para ter uma profissão que nos dê um bom retorno financeiro. A questão não é essa. Como nos aponta uma frase bíblica, a questão é : “Onde está o teu tesouro ali também está o teu coração”. Tudo vai depender do peso que damos às coisas materiais ou às questões espirituais, na hora de nos relacionarmos com as pessoas ou ao fazermos as nossas escolhas de vida.
Qual o valor de uma pessoa? Ora, se o valor de uma pessoa estiver centrado na sua beleza física, no seu grau de escolaridade, nas condições materiais da sua vida, é inevitável que comecemos a nos comparar uns com os outros. Como no caso da ondinha que se achava pequena e desprezível em relação às outras ondas. Ficamos assim com muitas variações de humor e de sentimentos por causa das inevitáveis comparações. Passamos a esperar que o PADRÃO DE VIDA nos proporcione a tão sonhada QUALIDADE DE VIDA. Passamos a vida a correr atrás do dinheiro para comprar as coisas que pensamos que nos farão mais felizes. Nos tornamos pessoas mais superficiais e, ao mesmo tempo, bajuladas pela propaganda e pelos lojistas sedentos de mais um consumidor de ilusões.
“Peraí”, afinal somos seres humanos ou teres humanos? Quando nos voltarmos mais para o nosso interior, para a nossa essência, aí passamos a ver o mundo e as pessoas com uma outra perspectiva. Diminuímos cada dia mais a nossa necessidade em fazer comparações, pois entendemos que somos únicos e que cada pessoa também é única e especial. Passamos a compreender que valemos pelo que somos e não pelo que temos. Aí sim, encontraremos mais paz de espírito e uma alegria gratuita.
Creio que só com o crescimento desse novo paradigma, tão enferrujado nos tempos atuais é que poderemos sonhar com um mundo mais humanizado e igualitário, crendo que as semelhanças entre as pessoas está na sua essência humana e não na sua forma material e passageira.