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Podcast 05 – O VALOR DE UMA PESSOA

Por:Julio Machado
Podcast

13

ago 2016

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Valemos pelo que somos ou pelos títulos e a aparência que temos? Quanto vale um talento?

Quero hoje contar uma situação bem curiosa que vivi, quando visitei uma exposição de arte na galeria Choque Cultural em SP.  Numa das salas da galeria de arte estavam expostos vários quadros que eram na verdade uma série de diplomas emoldurados. A artista construiu cada um desses diplomas escrevendo um texto caligráfico bem rebuscado mas, que não tinha nenhum significado, pois eram apenas desenhos de letras que não chegavam a formar palavras e sim uma  imagem artística de qualquer coisa escrita. Ladeando este texto central ela colava vários selos, de preferência importados, com carimbos também numa língua de preferência estrangeira. Completava cada diploma com alguns rococós e adesivos multicoloridos, compondo-os de tal maneira que quem os visse mais de longe julgaria que se tratava de um diploma de uma pessoa importante, mas bastava chegar mais perto e se deter a observar os detalhes e o texto escrito, que nada fazia sentido. Era tudo um enfeite vazio que não significava nada e nem conferia nenhum grau de importância. Era um diploma de brinquedo não tinha nenhuma legitimidade acadêmica.

Quando indaguei a artista sobre o que a inspirou a fazer tais diplomas, ela me contou a seguinte estória. Seu pai era um talentoso e reconhecido artista, mas que também era um homem muito simples e com pouca instrução. A sua arte era a apura expressão do seu talento e ele não cursara nenhuma escola ou faculdade para aprender o que sabia fazer. Portanto, o seu pai era um homem muito talentoso, um artista auto-didata, mas sem títulos ou diplomas.

Certa vez, quando ela tinha uns dezesseis anos, o acompanhou numa visita a uma pessoa bem importante e rica que queria conhecer o trabalho do seu pai. Notou que ele ficou deslumbrado com a quantidade de diplomas e títulos dependurados na parede da sala onde eles aguardavam para serem atendidos pela tal pessoa. E o pai dela então exclamou: “Eu não tenho nenhum diploma de nada”.

Compadecendo-se dele e reconhecendo a injustiça dele se sentir assim, com tanto talento artístico que nenhum diploma ou curso poderia dar, ela então lhe disse: pode deixar pai que eu vou fazer um diploma bem bacana pra o senhor. A partir daí ela não parou de faze diplomas presenteando amigos a quem ela queria conferir um grau ou um reconhecimento por um talento verdadeiro.

Aqui cabe mais uma vez aquela nossa reflexão: somos o que somos ou os títulos que temos. Qual o valor de uma pessoa? Quanto vale um verdadeiro talento?

 

Julio Machado

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