Por:Julio Machado
Podcast
ago 2016
O objetivo que a sociedade nos condicionou a crer para buscarmos um par, e que podemos ver refletido nas músicas populares e nas novelas, é o de que todos precisamos procurar uma pessoa para preencher uma parte vazia de nós mesmos. De que precisamos encontrar a pessoa certa para nós. A tampa do nosso balaio, como dizem. A partir desta crença inculcada partimos para a vida em busca de alguém o mais próximo da perfeição, que possa preencher ao máximo as nossas carências e faltas. Se examinarmos bem, no fundo no fundo, queremos um deus ou uma deusa que nos faça sentir uma sensação muito parecida com aquela que experimentamos quando estávamos no útero materno: um total preenchimento, um lugar onde não sentimos sede, fome, frio ou solidão. Um estado de prazerosa completude, mas que, inevitavelmente, foi perdida.
Se observarmos bem as letras das músicas tanto românticas como sacras, elas tem um conteúdo muito parecido. Jota Quest canta: “Quero um amor maior, amor maior que eu…quero um amor maior, amor que eu desconheço.” Outra canção popular mais antiga diz: “Eu sem você não tenho porque, porque sem você não sei nem chorar, sou chama sem luz, jardim sem luar… sem você meu amor eu não sou ninguém.”
Já nas igrejas e nas rádios cristãs tem uma música que, atualmente, não para de tocar que diz assim: “Entra na minha casa, entra na minha vida, mexe com a minha estrutura, sara todas as feridas…Ensina-me a ter santidade, quero amar somente a ti, porque o Senhor é o meu bem maior faz um milagre em mim.”
Parece que a necessidade de quem está cantando qualquer uma dessas músicas é a mesma. Uma necessidade de preenchimento, de amparo, de sentir-se sempre acompanhado e seguro. O que muda nos dois tipos de música não é a sua letra, mas sim o alvo para onde miramos o nosso olhar enquanto cantamos.
Na música romântica, o alvo é o companheiro. Você olha para ele ou para ela e diz, eu preciso de ti meu amor, sem você a minha vida não tem sentido. Na música sacra o alvo é aquele ou aquilo que representa o Divino para nós. Você eleva os seus olhos para o alto e diz: eu preciso de ti meu grande amor, sem você a minha vida não tem sentido.
Então se cantarmos uma música romântica, mas elevando o olhar para Deus e dizendo: Quero um amor maior… ela se transforma imediatamente em música religiosa. O mesmo vale para a música Gospel: se a cantamos mirando num homem ou numa mulher, pedindo que ele ou ela.. faz um milagre em mim, a música se transforma no mais puro romantismo.
Pretendemos a partir de agora apontar para uma nova forma de nos relacionarmos com alguém. Um modo mais maduro e saudável de encontrar um par e usar deste relacionamento, não como um fim em si mesmo, mas como um meio para eu me conhecer melhor e me aprimorar cada dia mais um pouco como pessoa.