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Podcast 23 – FALANDO DE AMOR

Por:Julio Machado
Podcast

31

ago 2016

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Se valer o que a propaganda e as novelas nos ensinam sobre esse assunto, o amor continuará sendo abordado sob uma visão nebulosa, romântica e imprevisível, como se todos os seus mecanismos acontecessem à nossa revelia e ficássemos à mercê dos deuses (particularmente do cupido) para decidirem a nossa sorte.

Pesquisando o dicionário, encontraremos centenas de definições para a palavra amor, tais como afeição, instinto sexual, amizade, sensualidade, ambição, culto, veneração,caridade, paixão, namoro, etc. Parece que em meio a tantas definições, onde a palavra é utilizada indiscriminadamente, tudo pode ser amor.

– Os amantes dizem: Vamos fazer amor?
– Os torcedores pedem aos atletas do seu time mais amor à camisa;
– As igrejas proclamam que Deus é amor;
– Até nas delegacias de polícia o assassino declara: Matei ela, doutor, por amor.

Não estamos querendo aqui dizer que esta variedade de manifestações sobre o amor estejam certas ou erradas. Mas vocês hão de convir que este carnaval de expressões geram uma certa confusão na cabeça de quem está querendo compreender um pouco mais sobre um tema tão importante. Mas, afinal, o que vem a ser o amor?

Retirados todos os chavões e embalagens, encontramos pura e simplesmente uma energia. Sim, algo concreto que é passado de uma pessoa para outra, causando um efeito vitalizante, tanto em quem dá como em quem recebe.

Sobre o amor, as definições são inúmeras, mas se perguntarmos a uma esposa deprimida, que não se sente amada, se perguntarmos ao um velho no asilo que se sente abandonado ou a uma criança que reclama que ninguém gosta dela. Se perguntarmos a todos eles do que mais eles sentem falta, a resposta é unânime: eu não recebo a atenção que eu gostaria. Ou seja, as pessoas nem me percebem, não me escutam, não ligam para mim. Resumindo, não prestam atenção em mim ou no que eu faço. Interessante é que isto também vale para plantas e animais. Tire a sua atenção deles e verá também o quanto adoecem e perdem o viço.

Dê uma olhada. O que os filhos mais esperam receber dos pais? Fazem de tudo para chamar a sua…

O que os parceiros mais querem receber um do outro numa relação de casal? Quando é que um animal reconhece alguém como seu verdadeiro dono? É quase impossível encontrar uma resposta para todas essas perguntas que não contenha a palavra atenção.

Amar é dar a sua atenção. Gostaria que pensassem se isso faz algum sentido para vocês! Se esse novo olhar sobre o assunto ajuda a tornar mais claro o que seja o amor.

Sugiro então que retiremos por uns dias a palavra amor do nosso vocabulário e a troquemos pela palavra atenção ou alguma expressão que denote que eu esteja percebendo aquilo que afirmo amar. Então quando formos dizer a uma pessoa “eu te amo”, precisaremos fazer de um outro jeito. Para seguir a nova regra teríamos de dizer mais ou menos assim: eu me sinto tão bem em prestar atenção em você! Se formos dizer que amamos os nossos filhos, teremos agora que falar de um outro jeito. Filho, papai adora ver o que você faz e escutar as suas estórias. Se amamos o nosso trabalho, poderíamos dizer: Sou focado no que faço, dedico-me de corpo e alma a este serviço, e assim por diante.

Penso que a princípio esta troca de palavras iria causar até um certo mal estar, pois é mais fácil e descompromissado dizer que amamos alguém ou alguma coisa, do que declarar que prestamos atenção e cuidamos de alguma pessoa.

Por que, principalmente nós humanos, necessitamos receber amor, ou seja, uma certa dose de atenção? O motivo, a meu ver é muito simples. Porque queremos ter a sensação de que existimos, de que valemos alguma coisa, de que alguém se importa conosco. E esta é a prova maior:  a atenção que recebemos. Lembram da música: Fala que me ama só que é da boca pra fora…

Pois é… uma pessoa só existe na minha realidade se eu a percebo, ou seja, se eu a vejo, escuto, toco, cheiro ou provo o sabor. Alguém só faz parte da minha vida quando ele é captado pelos meus sentidos. O que eu não percebo, não existe para mim. Daí não é difícil entender que o contrário do amor não seja o ódio, mas sim a indiferença ou até mesmo o desprezo, que são manifestações da falta de atenção.

Por isso que uma lembrancinha, ou até mesmo um telefonema fora de hora que recebemos de alguém que nos ama, costuma ter mais valor do que um presente em dia de aniversário. A lembrancinha não tem aquele caráter obrigatório e convencional. A pessoa deu porque quis, porque se lembrou da gente. A sensação é de que eu existo para ela, que ela se importa comigo e me valoriza.

 

Julio Machado

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