Por:Julio Machado
Podcast
nov 2019
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Outro dia foi o aniversário do falecimento de uma senhora muito querida e por muitos conhecida. Há uns anos atrás, chegando de uma das dezenas de consultas médicas que estava se submetendo, ela disse aos familiares:
– Pedi franqueza à junta médica que me examinou; pedi-lhes que não me poupassem de saber a verdade sobre meu estado de saúde, pois sinto que agora me resta pouco tempo de vida.
Diante dos olhares ansiosos dos seus familiares, ela continuou:
– Eles me revelaram que sou portadora de uma moléstia incurável e que minha previsão de vida é de aproximadamente 4 meses.
– E a senhora nos conta isso com essa naturalidade ? perguntou uma das filhas, em prantos.
E ela continuou falando, com muita serenidade:
– Ora, eu tenho um bom tempo para fazer tudo deveria ter feito já não é de hoje. Arrumarei todos os meus armários, guardarei o que realmente uso e o resto jogarei fora ou doarei para quem precisa. Colocarei belas cortinas em todas as janelas e elas também me impedirão de ficar olhando a vida alheia. Todos os dias enquanto tirar o pó da casa pensarei: Estou me livrando das sujeiras que guardei do passado.
Evitarei ouvir e assistir más notícias; alimentarei o meu espírito com leituras saudáveis, conversas amigáveis e dispensarei as fofocas, pois não tenho tempo para ficar criticando a mais ninguém. Enquanto tiver tomando meu banho, pensarei naqueles que já me magoaram e, com sinceridade, os perdoarei.
Todas as noites agradecerei a Deus por tudo que estarei conseguindo fazer nestes últimos 4 meses que me restam. Todas as manhãs, ao acordar, perguntarei a mim mesma: O que posso fazer para que o dia de hoje seja um dia melhor?
E farei de tudo para transmitir felicidade àqueles que de mim se aproximarem. A cada dia que passar quero fazer pelo menos uma boa ação. Ora, quatro meses são mais de 120 dias, portanto, quando eu fechar os olhos para nunca mais abri-los, então eu terei ajudado o mundo a ser um pouco mais belo e harmonioso.
Todos que a ouviam, pouco a pouco se retiravam, indo cada um para um canto, para chorar sozinho.
E a mulher ali ficou e nos seus olhos havia um brilho de alegria.
Pensava consigo mesma: “não posso curar meu corpo, mas posso mudar a vida que me resta.”
Ela tinha uma grande tarefa: transformar seu mundo interior, sendo mais verdadeira consigo mesma e agindo de forma coerente com os seus sentimentos. Nesses 4 meses ela conseguiu cumprir a maior parte das coisas que se propôs, tornando-se uma pessoa completamente diferente do que já fora.
O mais curioso dessa história é que, após a notícia dada aos familiares, ela viveu mais 23 anos. Ela curou a sua própria alma e sua moléstia desapareceu; ela morreu de velhice.
Pois bem pessoal, essa história nos mostra como a expectativa da morte iminente é capaz de despertar reações surpreendentes. É verdade que alguns não resistem e se deixam levar pela tristeza e apatia, perdendo-se no labirinto da depressão. Outros, porém, acordam para viver de verdade e buscam novos caminhos.
E você? Se soubesse agora que tem apenas 4 meses de vida, que mudanças faria? Você se deixaria levar pela apatia ou reorganizaria sua vida com base nas suas verdadeiras prioridades?
Se soubéssemos que teríamos apenas mais 4 meses para viver, certamente viveríamos de maneira diferente. Seríamos mais autênticos e teríamos mais ousadia na forma de preencher este pouco tempo que nos resta.
Mas essa reação contraditória levanta uma questão: o que nos impede de viver dessa maneira agora?
Seria a falta de um ultimato dos médicos, nos lembrando que não ficaremos aqui neste planeta para sempre?
Como dizem os mestres: Viva o dia de hoje como se fosse o último dia da sua vida. Portanto, não deixe para depois aquilo que a vida te chama a fazer agora, principalmente no que se refere ao amor por ti e pelos outros.
“Hoje o tempo voa amor, escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo que volte amor
Vamos viver tudo o que há para viver
Vamos nos permitir…” (Lulu Santos)