Por:Julio Machado
Podcast
set 2021
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Olá pessoal, bem vindos. Hoje quero compartilhar com vocês um texto que encontrei no livro O que fiz para merecer isto? do psicólogo e monge alemão Anselm Grün. Ele trata basicamente da preocupação dos pais em relação aos seus filhos. Ele diz:
“Um pai me contou que seu filho de oito anos era cheio de determinação, mas ficava completamente desanimado quando alguma coisa não ia bem. Já havia frequentado a psicóloga, mas isto o deixara ainda mais indeciso.
A mãe de um outro rapaz contou que seu filho consome drogas e não tem vontade nenhuma de organizar sua vida e assentá-la em bases firmes. Ele recusa a vida. A mãe gostaria de empurrá-lo para frente, mas tem medo de que ele se suicide.
Outra mãe preocupa-se com seu filho de trinta e seis anos que fica sentado em casa, cheio de medo, e não ousa mais sair para a rua. Sofre de depressões, mas não aceita ajuda de ninguém. A mãe tem de resolver tudo para ele.
Um pai sofre pelo fato de sua filha ter rompido todo e qualquer contato com a família. Todas as tentativas de recompor a união fracassaram. Ela recusa-se a uma conversa de entendimento.
É um sem fim de casos e histórias. Preocupações, angústia e sofrimento com o que acontece com a vida dos nossos filhos. Existiria um outro jeito para se lidar com isso?
Independentemente da gravidade do caso ou da idade do filho ou da filha, o que percebemos em comum nos relatos desses pais é um tremendo sentimento de culpa. Principalmente culpa de ter falhado em relação à sua função materna ou paterna. Martirizam-se pensando:
O que fizemos de errado para que nosso filho, ou a filha, tenham tomado este caminho?
De que adiantaram todos os nossos esforços?
O pior é que se houver uma tendência para se culparem, o que acontece, na maioria das vezes, a coisa mais fácil é encontrar um monte de pensamentos negativos e autopunitivos: estávamos muito estressados; ou estávamos preocupados demais com a construção da nossa casa; os avós precisavam de cuidados; o nascimento da segunda criança provocou uma crise de ciúmes na filha mais velha, por isso que ela ficou desse jeito.
Convencidos de que falharam mesmo, aí os pais se humilham e se rebaixam. Culpam-se por tudo o que deixaram de fazer ou que fizeram de errado. Quando a filha, ou o filho, os agridem e os acusam, os pais, muitas vezes, reagem depreciando-se diante dos filhos e pedindo-lhes mil perdões. Isto, porém, não ajuda em nada. Apenas reforça nos filhos a atitude de vítimas e os impede de assumir a responsabilidade por sua própria vida. Além de roubar dos pais toda energia e autoestima.
Se você é pai ou mãe e também sofre deste complexo de culpa, convido-os a cultivar o seguinte pensamento: Eu dei o eu que podia dar. Sei que não fui perfeito, mas foi o melhor que eu consegui fazer naquele momento. Esta é a convicção que precisam reafirmar para si mesmos. Se o que deram não foi o suficiente para os filhos… paciência. Nós, seres humanos, nunca damos o suficiente para nenhuma pessoa. E também não temos esta obrigação. Só podemos dar o que temos.
Se você, prezada mãe, prezado pai, se recriminar pelo fato de seus filhos não terem se desenvolvido da maneira como você gostaria – porque eles não gostam de estudar, ou não encaram a vida com responsabilidade, se consomem drogas ou andam em más companhias – faça o que estiver ao seu alcance e depois apresente-se e apresente seus filhos simplesmente a Deus. Valha-se aqui daquela famosa expressão: Deus é pai. Deixe de se preocupar e de se culpar, dizendo ou pensando que fez tudo errado. Isto apenas vai martirizá-lo e provocar doenças, mas não resolve nada. Também o outro caminho não ajuda: ficar se defendendo diante deles e se justificando de que tudo foi feito com boa intenção. Deixe o passado ser o que foi. Foi o que foi. E assim deve ficar.
Você se esforçou para educar os seus filhos. Você se dedicou a eles de todo o coração e com todas as suas forças. Apesar disso, houve falhas, negligências e feridas. As feridas fazem parte de nossa vida. Afinal é justamente por meio desses sofrimentos e privações que conseguimos crescer com mais autonomia e força. Vale aqui lembrar que as pérolas existem porque a ostra foi ferida por algum corpo estranho. Para cobrir esse ferimento a ostra construiu uma pérola.
E com os nossos filhos não é diferente. A responsabilidade de saber lidar com essas feridas e frustrações é deles. Não é tarefa sua. Você pode somente olhar para frente e a partir de agora incutir ânimo e encorajamento em seu filho, ou filha, para que se entenda com suas feridas e para que se reconcilie com o passado. Então a vida deles vai tomar um outro rumo.”
Ouvi dizer que os plantadores de tomate possuem uma técnica muito eficiente para ajudar a planta crescer suficientemente forte para sustentar os seus pesados frutos.
Quando o tomateiro ainda está bem jovem e as raízes ainda não definiram a sua direção, eles deixam de regá-los por alguns dias. Ficam vigilantes para as plantas não minguarem, mas as deixam secas o tempo suficiente para elas começarem a aprofundar as suas raízes em busca da água. Quando isso começa a acontecer voltam a molhá-la normalmente, pois agora as raízes vão continuar o seu aprofundamento. Caso eles regassem a planta o tempo todo, as suas raízes ficariam acomodadas em absorver a água apenas da superfície e cresceriam frágeis para sustentar o peso dos frutos e tombariam.
Na próxima semana falaremos mais sobre esse tema. Valeu, se quiser deixe o seu comentário no site juliomachado.com.br e uma boa semana para você.