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Podcast 63 – AMAR É DAR A SUA ATENÇÃO

Por:Julio Machado
Podcast

05

mar 2022

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Dentro desta série sobre educação de filhos quero introduzir agora alguns aspectos do amor na relação pais e filhos ou, melhor dizendo, sobre como podemos dar uma atenção mais caprichada e de qualidade para as pessoas queridas com as quais nos relacionamos. Estas dicas valem tanto para a família como para o ambiente social e profissional.

Reforçamos então aqui a definição de amor enquanto a capacidade de dar atenção para algo ou alguém. Se quisermos então saber o quanto de amor  estamos dando para uma pessoa, basta averiguar o quanto eu olho para ela, o quanto sou todo ouvidos, o quanto eu a toco e o quanto me interesso pelas suas coisas. Esta é medida do amor: o quanto de atenção dou para quem eu afirmo amar.

A primeira dica para uma atenção de qualidade é: SEJA INTEIRO QUANDO ESTIVER dando a sua atenção.

O contrário de ser inteiro e concentrado é estar dividido e disperso. É muito comum querermos fazer várias coisas ao mesmo tempo, a pretexto de aumentar o nosso rendimento e eficiência. Isso pode até funcionar para as tarefas do dia-a-dia, mas para o relacionamento com pessoas é um veneno. Você já imaginou sendo atendido por seu chefe que ao mesmo tempo está falando ao telefone com outra pessoa. Você voltaria numa loja onde um vendedor tenta atender três pessoas, ao mesmo tempo, para poder aumentar a sua comissão?

Você pai ou mãe, se lembra das vezes em que seu filho queria te falar alguma coisa e você dizia que estava escutando, mas não tirava os olhos da televisão? Provavelmente o pequeno pegaria no seu rosto e o puxaria na sua direção para ter a certeza de que você estava realmente prestando atenção no que ele lhe dizia.

No fundo, no fundo, quando alguém divide a sua atenção com alguma outra coisa quando está falando com a gente, nos passa a impressão de que não somos importantes para esta pessoa. Lembra daquele pensamento que diz: Onde está o teu tesouro ali está o teu coração? Aliás vale aqui dizer que preferimos receber 5 minutos de uma atenção integral de quem nos ama do que uma hora de atenção pulverizada e dividida.

A música Valsinha, do Chico e do Vinícius, conta sobre a alegria de uma mulher ao receber uma atenção especial do seu marido:

“Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar.
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar.”

Bastou um olhar mais inteiro e disponível para faze o outro desabrochar.

No filme Avatar, dirigido por James Cameron, os nativos quando se cumprimentam amorosamente, dizem um para o outro: Eu vejo você.

Então se não pudermos dar uma atenção de qualidade para quem nos solicita naquele momento, melhor seria combinarmos uma hora mais apropriada ou então informar o outro da nossa limitação momentânea. Assim demonstramos respeito e consideração por ele ou ela, ao invés de tentar fazer uma gambiarra com a nossa atenção, dando-a de um modo precário.

Quando meus filhos eram menores, descobri que era preferível sair com um de cada vez, para fazer uma compra, por exemplo, do que levar dois ou três, ao mesmo tempo, querendo agradar a todos. Das vezes que eu fiz isso, não raro voltava para casa irritado, com os filhos insatisfeitos e brigando uns com os outros. Depois vim a compreender que o motivo da briga era a disputa pela atenção do pai. Quando passei a dar preferência pelas saídas com um de cada vez, foi uma paz. Cada um deles ficava se sentindo valorizado por ter tido o pai só para ele por alguns momentos.

De vez em quando encontro algum pai ou mãe que me agradecem por terem escutado numa de minhas palestras esta sugestão de ficar inteiro com um filho de cada vez. Um desses pais me contou que era um estresse quando se sentava para assistir TV. Como ele tinha três filhos menores era uma briga pela disputa do colo do pai. Antes de me ouvir na palestra a regra na sua casa era quem chegou primeiro pega o colo, o que provocava muita competição entre os filhos. Agora no novo sistema, combina-se um tempo de relógio no colo para cada um. A partir daí ninguém queria invadir o espaço do outro para não dar motivo que fizessem o mesmo com ele. Caso um filho ou filha saia do colo para ir ao banheiro, enquanto ainda estava no seu tempo, o pai não permitia que ninguém ocupasse o lugar, a não ser que fizesse uma negociação com o dono do espaço e obtivesse a sua permissão. Neste caso era comum ouvir os irmãos combinarem de utilizar o tempo um do outro reciprocamente.

Quem aprende a negociar faz mais a paz do que a guerra. E é muito bom que este aprendizado comece no ambiente familiar. Creio que não seria exagerado afirmar que as guerras entre os adultos começam a ser aprendidas no ambiente familiar tendo como causa principal a disputa dos filhos pela atenção dos pais.

 

Julio Machado

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