Por:Julio Machado
Podcast
jul 2022
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Gostaria de começar com um pensamento de Maya Angelou:
“Se você não gosta de alguma coisa, então mude-a. Se você não pode mudá-la, mude sua atitude e não reclame”.
Como já dissemos nos podcasts anteriores, nossos pensamentos e crenças, são a causa das nossas emoções, seja de ansiedade ou tranquilidade, seja de conflito ou paz. Ou seja, por detrás de cada emoção existe um pensamento ativador, que na maioria das vezes, nem nos damos conta dele. São pensamentos automáticos e ocultos da nossa consciência, mas que exercem um tremendo poder sobre o nosso sistema emocional.
Por exemplo, se estamos com pressa de chegar ao emprego e há um engarrafamento no trânsito, nossa resposta usual e imediata é… ansiedade. Por quê? Fisicamente, não há nada a fazer para mudar isso, mas o pensamento do nosso ser condicionado, do nosso ego, nos impulsiona para uma ansiedade instantânea, como um gatilho automático. Por quê? Há apenas uma razão básica: porque, rigidamente, o ser-ego não aceita a realidade aparente. O ego diz que “O que é” está errado porque não está de acordo com a sua vontade. Quantas vezes por dia ficamos diante desses mini conflitos e desapontamentos? Um problema na escola a resolver, um pneu furado, o dentista que atrasou, ou o que seja. Essa é a realidade aparente como ocorre a cada um todos os dias.
Quando aceitamos a realidade, sem nos opormos a ela, podemos ser mais criativos no sentido de encontrar novas soluções. Não adianta brigarmos com os fatos. O que podemos é escolhermos mudar o nosso modo de pensar e de agir a respeito desses fatos. Como diz o ditado: Quando não há remédio, remediado está.
Sei que é fácil compreender o que estamos falando. O difícil é colocar em prática esta nova atitude, quando estamos muito agitados e desassossegados. Precisamos aprender urgentemente a ter pequenos momentos diários de relaxamento para poder afiar o nosso machado e fazer uma faxina nos nossos pensamentos. Quando não temos um mínimo de treino em criar um pouco de paz interior e aquietamento mental, os pensamentos atropelam a nossa vida, gerando um turbilhão de emoções e de comportamentos fora do nosso controle. Aí a coisa embanana mesmo.
Nesse estado de confusão mental e escravos dos automatismos, ficamos mais propensos a querer fazer uma revolução, que é uma outra forma de reatividade, do que uma evolução. A razão principal da revolução não facilitar as mudanças é que ela parte do princípio de que o problema está fora de nós. O paradigma revolucionário se fundamenta, predominantemente, em apontar os defeitos do outro, isentando o sujeito de se comprometer com a própria mudança. Isto vale tanto para a política e a educação de filhos, como para as relações profissionais e amorosas.
Num casal, por exemplo, as relações insatisfatórias partem do seguinte enfoque: “Para que eu seja feliz, você precisa mudar o seu modo de ser e de se comportar.” O outro se torna a causa de nossos problemas e conflitos, portanto a mudança deve se processar nele.
A palavra revolução vem do latim “re-volvere”, que significa mover-se em círculos, dar voltas (como o tambor de um revólver).
Já a evolução é simbolizada por uma espiral, onde a cada volta do círculo passamos para um degrau acima.
Para que aconteça uma evolução, e um consequente aprendizado, precisamos de ter uma outra postura diante dos fatos. Esta nova postura requer de nós maturidade e humildade para reconhecermos que nós também fazemos parte dos problemas e, consequentemente, da solução. Colocando-nos num outro ponto de vista, mudando o nosso velho modo de enxergar as coisas, é que provocamos as verdadeiras mudanças. Quando eu mudo, o mundo muda à minha volta. É impossível mudar sem abrir mão de algumas velhas ideias para que possam entrar outras e novas ideias. Com ideias fixas não é possível qualquer mudança ou adaptação e, consequentemente, não haverá aprendizado.
Seria bem mais fácil continuar culpando o mundo e as pessoas pela nossa infelicidade e pelos nossos fracassos pessoais, pois tomar consciência desta verdade recoloca o destino das nossas vidas no seu lugar de direito, ou seja, nas nossas mãos.
Terminamos a reflexão dessa semana com uma frase do filósofo Jean Paul Sartre: “Mais importante do que aquilo que fizeram conosco, importa o que fazemos com aquilo que nos fizeram”